21 de maio de 2009

muros

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Nunca fui um poço de cordialidade. Admiro-me até com as amizades que eu consegui conquistar no colegial. Algumas daquelas pessoas merecem um prêmio por me agüentar em todas as manhãs de mau humor e ainda serem meus amigos até hoje...

Hoje vejo que a tendência anti-social, que eu fazia questão de deixar explícita, era apenas um mecanismo de defesa. Eu tinha medo. Medo das pessoas, medo de ser magoada, medo de não ser aceita, medo de ficar sozinha. Para me proteger, fechei-me em copas, construindo muros altos para que ninguém visse quem era, de fato, aquela menina estranha atrás dos óculos...

Poucos conseguiram, verdadeiramente, transpor os muros que ergui. Alguns por insistência; outros, poucos, porque eu permiti. Para esses escolhidos, abri as portas da minha vida, da minha casa, da minha mente e do meu coração. As confidências, as lágrimas, os porres, os filmes, os micos, as tardes na escola, as brigas, as fotos... As mesmas fotos que hoje vejo na parede do meu quarto em Marília.

A Medicina me levou embora e criou barreiras talvez maiores do que os muros que eu outrora construí.
Ainda bem! Aquelas pessoas que estavam realmente próximas ficaram do lado dentro dos muros. Quanto às demais, os muros, a distância, o tempo e a vida se encarregaram de afastar ainda mais de mim.




Não sou de acreditar em destino, mas, na primeira semana de Marília, perdi toda a agenda do meu celular. Hoje, dois meses depois, o meu chip tem apenas os poucos números que eu realmente faço questão de ter. Obra do destino ou simples coincidência, aqueles nomes na minha agenda representam exatamente as amizades que as muralhas da vida ainda não puderam destruir.


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