14 de novembro de 2008

just talk

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O que você faz quando um cara do seu cursinho te diz: “mas você senta sozinha, não conversa, não desce pro recreio e não aproveita nenhum tempinho livre entre as aulas pra ficar fazendo exercício e ainda está com matéria atrasada?!”?

a) fala pra ele que vida de vestibulando é assim mesmo, tem que se dedicar, fazer alguns sacrifícios.
b) reclama que é muita matéria, que o louco do coordenador colocou um zilhão de aulas à tarde bem no meio da revisão e que ainda tem 106 exercícios de genética extras pra fazer...
c) pergunta pra si mesmo que porra é esta que está fazendo da própria vida, procura o viaduto mais próximo e acaba logo com o sofrimento.
d) manda ele à £#!%¢!.


Ok, eu admito: não é agradável ouvir um comentário desses, você se sente o último dos mortais, o ser mais anti-social do mundo. Tudo bem que sociabilidade nunca foi meu forte, mas acho que dessa vez acabei exagerando. Recordando o dia de hoje, cheguei à conclusão de que o único diálogo verdadeiramente verbal que eu travei foi com meu professor de biologia pra perguntar sobre um exercício de epistasia. Entenda por diálogo verdadeiramente verbal uma conversa com mais de 2 minutos. Os leves acenos de cabeça que eu me esforço para distribuir enquanto subo até o 5º andar todo dia de manhã também não contam como diálogo. Logo eu que sempre gostei tanto de conversar...

A culpa deve ser do cursinho. A culpa TEM que ser do cursinho. Afinal, existe ambiente mais insalubre do que uma sala de extensivo?! Ok, eu admito, de novo: a culpa não pode ser só do cursinho, afinal, tem gente feliz lá, que conversa, que vai pro recreio, que até namora no intervalo [alguns durante as aulas]. Pelo menos eles parecem ser felizes...

Mas agora senti vontade de conversar. Falar besteira, falar das aulas chatas de história, falar que a Oi está sem sinal lá na escola, falar do Milan, contar que a minha mãe comprou outra samambaia... Não quero uma conversa de MSN, e nem um 'e aí, vai chover?'. Graham Bell deve ter inventado o telefone quando estava no cursinho. Mas não, melhor não atrapalhar ninguém com as minhas divagações agora.
Além disso, tenho que revisar mitose e meiose.
Quase como na hora do recreio...
A culpa deve ser mesmo do cursinho.



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1 comentários:

Renan Carletti disse...

Seus poucos... e excelentes posts!
Uma bela de uma crônica, autêntica por apresentar até mesmo um teste e toda as demais pitadas de humor e sarcasmo(não mais que merecido!) com o cursinho!

Beijos, querida moça faladeira! =)